20 de julho de 2011

A Sutileza de #LuanSantana



Praticamente todos os dias o twitter tem uma hashtag com LS no meio, que significa Luan Santana. Ou que fazem referência a alguma música, algum disco ou lançamento do cantor. Nada contra a manifestação de amor das fãs, mas sempre me pego pensando que uma “relação de amor” só é saudável se for recíproca e nesse caso, tenho certeza que não é. Todas as vezes que vejo o ídolozinho-pop-teenager em algum programa de televisão, percebo o asco “disfarçado” com que ele trata as fãs. Sempre com um tom esnobe, de quem nitidamente se acha a última bolacha do pacote.

Os abraços são dados com nojinho. Os beijos então, quando existem, são da forma mais seca possível. Ele simplesmente não se aproxima e quando alguma adolescente apaixonada, mais afoita, consegue chegar perto, é até engraçada a cara de “me tira daqui (ou tira ela daqui) pelo amor de Deus” que Luan faz. O que não entendo, é como as fãs não percebem esses detalhes, que nem são tão subliminares assim, muito menos estão nas entrelinhas. É nítido, evidente, quase escancarado.

Na verdade, acho que até entendo. Não dizem sempre que o amor é cego? Pois bem, fãs de Luan Santana, vocês sofrem desse mal: cegueira amorosa. Espero eu que não seja definitiva. Até porque deve ser muito triste idolatrar alguém e não receber em troca sequer um gesto de gentileza. E olha que esse post nem tem o propósito de debater a qualidade artística do garoto, até porque gosto não se discute (se discute sim, e nesse caso é um péssimo gosto, mas não iremos falar sobre isso agora).

A grande questão é a carência afetiva gigante que acomete essa nova geração. Até famílias novas eles criaram para quem sabe se sentirem amados ou pertencentes a um grupo. É família Restart, família Luan Santana. Juro para vocês que se eu fosse escolher alguém para ser meu parente, escolheria Chico Buarque, Caetano Veloso, Maria Rita, Rita Lee, os caras do Los Hermanos, do Teatro Mágico ou dos Móveis Coloniais de Acajú. E tantos outros que além de fazerem trabalhos lindos, tratam os fãs com o maior respeito do mundo porque sabem que é através deles que tiram seu sustento.

Então queridinhas, fofoletes da tia que amam o Luanzito, acordem. Ele não ama vocês. Já não bastam todos os garotos que devem dar o pé nas vossas bundas? Ficam ainda babando colorido por um rapazinho que mal saiu dos cueiros e já tá “sissi” desse tanto. Pensa se algum dia ele chegar a ser alguém de verdade? Haja saco para suportar tanto ego!


OBS: Luan, você é até bonitinho, apesar de ser meio vesgo. Canta até bem, apesar de ser sertanejo. Mas no quesito tratamento para com aqueles que tanto te dispensam amor e carinho, você tá tirando zero meu amigo. Conselho da tia aqui: presta atenção nas carinhas enjoativas que você faz para fãs. Um dia elas também vão sacar que em você tem muita pose e muito marketing para pouco conteúdo.

Alliny Araújo – Jornalista

@Dependy

alliny_araujo@hotmail.com

allinyaraujo.blogspot.com

13 de julho de 2011

#fanatismoreligioso



Queridos megalomaníacos, ou qualquer aventureiro que possa estar lendo essa coluna...

Esse é o primeiro texto que escrevo para o que iremos chamar de “Nem que a vaca tussa”. O motivo para criar esse espaço de indignação é pela constante inquietação que me arrebata e me faz não querer me adaptar. E nem que a vaca tussa vou engolir, em pleno século 21, desrespeito ao ser humano, aos animais e ao meio ambiente, preconceito, desigualdade, hipocrisia, corrupção, falta de caráter, injustiça, e tantos outros sentimentos vis que me fazem sentir nojo de ser gente. E o primeiro deles, com certeza o pior e mais terrível de todos, é o uso do nome de Deus em vão, em prol de um #fanatismoreligioso que não cabe de forma alguma no estado laico em que vivemos. É tanto disparate, baboseira e barbaridade que tenho visto, lido e ouvido ultimamente, que nem sei por onde começar. Bom, pensando bem, acho que sei.
Tudo começou com o kit gay. Esse assunto me atinge em todos os sentidos. Como bissexual assumida, vejo opiniões acerca de uma ferramenta que pretendia ser pedagógica, ferir a minha moral, minha dignidade e até mesmo sugerir que a minha conduta está fora dos desígnios divinos. Hoje não vou citar a bíblia, nem falar sobre a criação do homem e da mulher e de toda ignorância do ser humano para interpretar um livro que está fora da sua capacidade de entendimento. Não quero falar de ciência, nem de lógica. Meu propósito aqui é discutir porque estamos calados diante de uma bancada religiosa que se formou na nossa câmara dos deputados e está discutindo leis que são para TODOS (eu disse todos, sem distinção de credo, raça, camada social, orientação sexual) com argumentos tirados do seu #fanatismoreligioso e que desrespeitam a noção de justiça do estado que é laico. Até quando vamos nos conformar que o Brasil seja guiado por homens que desconhecem a noção de povo e governam de acordo com interesses próprios?
Se o kit gay estava “pesado” demais para a faixa etária pretendida, com imagens desnecessárias, vamos falar sobre isso então, mas baseados na psicologia, na pedagogia e nas pessoas que pensam, estudam, pesquisam sobre educação e a melhor forma de atingir os alunos. É inadmissível usar termos como academia de homossexuais, falar sobre Sodoma e Gomorra e machucar os princípios dos gays como fez Magno Malta, aos berros, em um vídeo no youtube que outros fanáticos aplaudem, e que me causa náuseas. É um absurdo ter que ler declarações de Myrian Rios dizendo que não contrataria empregados homossexuais porque eles poderiam praticar pedofilia com seus filhos. Hã??? Como assim??? Foi exatamente o que eu pensei.
A discussão era criar um kit para levar as escolas e mostrar as crianças que somos todos iguais e devemos ser tratados com respeito. Mas o resultado que vi foi um circo formado em Brasília que usa Deus para discursar porque não tem argumentos próprios. Como se Deus distinguisse seus filhos e não fosse visto como essencialmente justo e bom por todas as religiões. Um ser justo e bom não trata ninguém com hostilidade, desumanidade e com a intenção de pisar e humilhar uma camada social. Para finalizar, me pego pensando quando nós, gays, vamos nos juntar, assim como os milhões que desfilam nas paradas, para pensar política e não permitir que mais fanáticos ocupem cadeiras na câmara, no senado, na presidência e na puta que pariu.

Alliny Araújo – Jornalista
@Dependy
alliny_araujo@hotmail.com
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