23 de agosto de 2011

BELEZA É FUNDAMENTAL?



Como disse o mestre Vinícius de Moraes – em minha opinião, autor dos mais belos e sensíveis poemas de amor – “As feias que me perdoem, mas beleza é fundamental”. É? Eu diria que, além de fundamental, beleza se põe à mesa e ainda abre o apetite. Não existe amor à primeira vista, apenas nos sentimos atraídos por algo, seja físico ou intelectual, naquela pessoa e que nos desperta o interesse. E é nesse “algo” que está à chave para descobrir que o contrário de beleza não é feiúra. Acredito até que beleza não tem antônimo.

Se partirmos do princípio de que cada um de nós aprecia atributos físicos distintos, seria errôneo estereotipar um conceito do que é feio ou belo. Para muitas pessoas, deve-se ser magro para ser bonito. Algumas adoecem tentando seguir esse padrão. Mas como disse o rei Roberto Carlos: “Quem foi que disse que tem que ser magra para ser formosa?” Com certeza, ele é um amante das formas arredondadas, como podemos confirmar ao olhar o padrão corporal de suas ex-mulheres. Então, quem está certo ou errado nesse conceito de beleza?

Algumas pessoas são fascinadas por cabelos claros, outras, como eu, preferem os escuros; já outros, apreciam a chama dos fios ruivos. Portanto, com qual cor devo pintar meu cabelo? Na realidade, não é o fato de amar o feio que o torna belo. Somos criados de forma distinta, aprendemos a gostar e admirar arte, música, poesia e pessoas de forma diferente. Além de nascermos com algo interiorizado e inexplicável que nos faz captar a beleza sob diversos ângulos.

Isso faz com que um quadro perfeito, para muitos, possa ser medíocre, para outros. Ou que a Gisele Bündchen, para muitos, seja um exemplo de corpo ideal, mas para alguns, não passe de mais uma modelo magrela e sem sal. Todos nós temos pequenos ou grandes defeitos que alguns ridicularizam e outros acham que é um charme a mais. O importante nisso tudo é perceber que a essência da beleza está na forma particular com que cada um enxerga e não em conceitos preestabelecidos socialmente.

Não podemos, e nem se tentássemos com afinco conseguiríamos, agradar a gregos e troianos. O importante é agradar a si mesmo quando se olha no espelho. Até porque não existem pessoas feias, mas sim, aquelas que ainda não passaram pela mão do Pitangy ou pelos Photoshops da vida.

Alliny Araújo – Jornalista

@Dependy

alliny_araujo@hotmail.com

allinyaraujo.blogspot.com

22 de agosto de 2011

O que é ser rico?



Ás vezes me pego pensando no que faria se tivesse muito dinheiro. Algumas certezas eu tenho. Viajaria o mundo, iria a todas as festas legais (com roupa e sapatos novos), teria um carro e uma casa confortável. Ajudaria (muito) a minha família e construiria um lugar pra cuidar dos animais abandonados e outro pra cuidar das crianças e dos velhinhos, também abandonados. Moraria no Rio de Janeiro, só pra caminhar na praia e tomar água de coco. Compraria cremes anti-rugas, contrataria um personal trainer, faria algumas plásticas e pelo menos mais sete tatuagens. Também publicaria todos os meus livros que ainda estão encalhados (no computador, ou na cabeça).
Mas o que me faz pensar realmente (e queimar muitos neurônios) é o conceito de riqueza. Ter muito dinheiro é ser rico? Ter muitos amigos é ser rico? Ser uma pessoa bondosa e espiritualizada é ser rico?
Esses dias li um email sobre um antropólogo que passou três meses em uma tribo indígena. Antes de ir embora ele propôs uma brincadeira para as crianças. Comprou muitos doces, colocou todos em um saquinho e escondeu. A criança que achasse, seria dona de todos e, portanto, rica em doces. Mas antes de procurar, todos os indiozinhos deram as mãos e foram juntos, até encontrarem, também juntos, os doces. Cada um ganhou uma guloseima. O antropólogo ficou sem entender nada. Questionou o porquê disso se apenas um poderia ficar com tudo. A resposta que obteve foi outra pergunta: Como poderia um de nós ficar feliz se todos os outros estivessem tristes?
O Fora do Eixo trabalha com a economia solidária, onde o que é de um, é de todos, inclusive o dinheiro. Mesmo sem talvez conhecerem a história do antropólogo, entendem bem a ideia de compartilhar daqueles indiozinhos. E é por isso que crescem juntos, tem onde se apoiar, alguém que ajuda a segurar as barras quando aperta e assim, um passo de cada vez, estão construindo formas alternativas de trabalhar, mesmo que a sociedade coloque um monte de empecilhos, inclusive financeiro. Eu não faço parte do Fora do Eixo. Sou apenas uma mera colaboradora e admiradora de quem consegue entender, que ser rico de verdade, é saber doar, abdicar, abrir mão do “meu” para colocar o “nosso” no lugar.

Alliny Araújo – Jornalista

@Dependy

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