2 de março de 2013

BRASIL SEM CIGARRO



Diversas campanhas são feitas rotineiramente com a intenção de mobilizar o maior número possível de brasileiros na tentativa de fazê-los pararem de fumar. Iniciativas louváveis, levando em consideração o número de viciados no país e os males que essa droga causa para o organismo. Leis foram criadas para inibir o consumo de cigarro e até fotos horrendas são expostas nos maços para tentar aterrorizar os fumantes. (Confesso que a única que realmente não gosto é aquela que mostra o cara brochando). Além, é claro, dos preços exorbitantes dos maços.
Mas o que fica martelando na minha cabeça é a sensação de que campanhas e leis nesse sentido pouco adiantam de fato. Mas por quê? Pensando a respeito dessa pergunta, como fumante sem vergonha que sou (aqueles que só pitam quando bebem), cheguei a algumas conclusões. Primeiro que a bebida alcóolica praticamente pede um cigarro. É quase impossível, depois de alguns goles, não querer fumar. Portanto é preciso tirar do imaginário das pessoas, principalmente dos jovens, essa cena que mistura diversão e amigos, a bebida e cigarro, para não citar outras drogas.
Segundo que boas prosas também ficam mais interessantes quando existe aquela fumacinha de nicotina queimada pairando no ar. Não sei por que isso acontece, mas o fato é que quando se acostuma a unir momentos agradáveis com o cigarro, vira um hábito mais difícil de abandonar do que a própria química que gera abstinência.
Outro ponto é o fato de o cigarro ter se tornado uma boa desculpa para dar aquela descansadinha. Sem fumar, você não pode simplesmente parar um trabalho, ir para um local mais tranquilo e ficar por lá, à toa, por cinco minutos, por exemplo. Fumando pode, porque fumar é um verbo de ação, quer dizer que você está fazendo algo, ocupando seu tempo, e não está ocioso.
Além disso, o cigarro também é uma companhia. Se você é visto sozinho, sentado em um banco, pode passar a sensação de solidão. Mas se está com um cigarro aceso nos dedos, automaticamente essa sensação muda, pros outros e para você mesmo, que também enxerga o cigarro como um companheiro, que te ajuda, desde a afogar as mágoas ou simplesmente a passar o tempo.
Por todos esses motivos é que acredito que a principal mudança que deve acontecer na cabeça dos fumantes é o modo de ver e de colocar o cigarro no contexto da vida. Enquanto fumar for uma válvula de escape, como quase todas as drogas, vai ser difícil amenizar o vício e os males causados pelo fumo. É preciso acima de tudo, descobrir motivos de prazer que supram a necessidade que as pessoas têm de se entupir de substâncias que fazem mal.
Esse desejo mórbido de autodestruição talvez só seja combatido com campanhas em prol da vida. Quem sabe essa simples mudança de pensamento, ao invés de ser contra algo, ser a favor, ajude a fazer com que as pessoas prefiram a saúde. É importante, no meu modo de ver, colocar positividade em tudo que se faz, para que as coisas fiquem mais leves e mais fáceis de lidar, mudar ou mesmo manter. Por isso eu sou super a favor de uma nova campanha. BRASIL COM SAÚDE, porque a palavra “sem” gera a sensação de que estamos perdendo algo. E “com” quer dizer que estamos ganhando. Eu prefiro ganhar a perder. E você?

Alliny Araújo – Jornalista
http://www.facebook.com/araujoalliny
@Dependy

2 comentários:

@JoseAdolfo disse...

Texto interessante! Nunca fumei e não sinto vontade mesmo bebendo em festas. Acredito, sem dúvida, que a melhor forma de promover a saúde é pelo esporte. E em qualquer modalidade o cigarro não é bem vindo por levar o corpo abaixo do nível normal. A melhor companhia continua sendo a família e ou bons amigos!

Alliny Araújo disse...

se todos pensassem assim, com certeza teríamos um número bem menor de fumantes neah...