Certamente o termo santa ignorância tem uma razão lógica de existir. Talvez ela seja de fato abençoada, não só por aqueles que dela tiram proveitos, mas também para aqueles que com ela sobrevivem, alimentando uma pseudo-felicidade. Tanto um, como o outro, vêem na ignorância algo essencial para se viver bem, seja contrariando ou não um conceito de pensamento crítico, cada vez mais latente em nossa sociedade.
É, com toda a certeza, extremamente necessário se pensar os problemas sociais e tentar soluções para eles. O mundo beira o caos e pouco se faz para melhorias. O pensar criticamente esses problemas ajuda a progredir em relação a possíveis melhoras pessoais e posteriormente, mundiais. Porém, por estes dias ando me perguntando frequentemente, quais as reais vantagens em sempre estar problematizando tudo? Confesso que, as conclusões que andam rondando as minhas dúvidas me deixam cada vez mais inquietas em relação ao que almejava me tornar como ser humano.
Sempre acreditei na força do pensamento e das palavras e como podemos mudar tudo que quisermos com essas ferramentas. Sempre acreditei que a educação é o melhor caminho para alterar o fluxo dessa sociedade desigual e desumana. Sempre acreditei que a alienação, as ideologias, os dogmas religiosos são um problema gravíssimo, que nos torna praticamente fantoches nas mãos daqueles que sabem como manipular. Mas também, sempre acreditei em felicidade e não consigo vê-la separada de um conceito de paz muito forte. Paz essa, interior.
Cada dia mais, sinto em mim mesma e em todas as pessoas conscientes que conheço, uma melancolia e agonia crescentes e sempre presentes nos olhos. Parece que quanto mais pensamos nos problemas do mundo, maiores eles ficam e mais nos atormentamos por sermos capazes de muito pouco fazer perante esses mesmos problemas. Estamos sempre inquietos, pensativos, pesarosos e sofrendo por causas mundiais ou ideais de mundo melhor.
Cada vez mais somos distanciados do mundo em que vivemos, por sonharmos com um mundo diferente, igualitário, artístico, humano, onde a educação, a saúde, a política não seriam uma utopia. E o que aflige, de forma massacrante, é saber que é possível. Basta apenas que as pessoas simplesmente pensem. Mas todos os dias nos deparamos com menos discernimento e muito menos vontade dos seres humanos em querer pensar e se dar o trabalho de ficar como os pensadores, com dores de cabeça, aflitos, cabelos brancos, esquizofrenia ou genialidade esquecida.
Infelizmente, tudo isso me faz a cada dia repensar meus conceitos de criticidade para com o mundo e avaliar o que realmente está valendo a pena. São tantos conflitos com que me deparo e me sinto perdida em meio aos meus sonhos e ao que sinto ser o máximo que dá para concretizar. A impressão que dá, é que tudo que foi feito com arte, inspiração, alma, serve apenas para criar sentimentos turbulentos, contraditórios e tantas vezes tristes.
As músicas, os quadros, os livros, são densos. Jamais nos acalmamos. Eles nos incitam a sempre querer mais, pensar mais, problematizar mais para chegar a mais conclusões. E quanto mais pensamos e nos perguntamos, mais respostas podemos achar, pois é um ciclo sem fim e que nos mantém como ratos naquelas rodinhas das suas gaiolas. Eternamente rodando atrás de uma perfeição que nunca vamos alcançar, por nunca nos contentarmos.
Com isso, ando sinceramente considerando a alienação como uma forma das pessoas poderem se sentir, pelo menos pseudo-felizes. As músicas, os livros, os quadros, nesse sentido, não querem dizer nada. Eles apenas alegram, fazem dançar, chorar sem muitos problemas a serem pensados, passar pelo mundo considerando a rotina de suas vidas algo normal e tentando fazer com que ela seja o mais prazerosa possível.
Os jornais servem apenas para direcionar os assuntos nos botecos, esquinas, pontos de ônibus ou qualquer lugar onde se tenha tempo para pensar e falar sobre alguma coisa. Mas até mesmo esse pensar e falar serve apenas para relatar o que se leu, ou ouviu de alguém e funciona como passatempo. Nunca para raciocinar sobre ou para se chegar a uma conclusão que de fato melhore alguma coisa. E me pergunto, hoje em dia, se isso é tão ruim assim.
Vejo pessoas sorrindo ao consumir indústria cultural e não franzindo a testa para refletir sobre o que estão consumindo. Seus olhos não têm sempre uma nuvem escura de pensamentos obscuros. Elas não estão sempre vendo mensagens subliminares ou tentando encontrar uma lógica que as estão alienando, nem analisando as pessoas e vendo quais estão ou não no seu mesmo patamar de pensamento. Elas consomem ideologias e são satisfeitas por elas. Tem sonhos pequenos e facilmente realizáveis. Não são empreendedoras, nem tão promissoras quanto poderiam ser, mais são simples e isso gera menos complexidade. Elas são fantoches, mas ainda assim se divertem. E nós, pensadores frenéticos, sempre em busca da crítica, da melhora, da solução?
O que vejo são os nossos sonhos nos tirando o sono. Tantos já foram queimados, esquartejados, exilados, calados forçadamente. Tantos enlouqueceram. Tantos outros inventaram tantas coisas que talvez serviram apenas para querermos inventar mais e mais coisas. Somos melancólicos, tantas vezes ranzinzas, seletivos. Estamos sempre querendo a revolução porque não suportamos mais esse mundo. Mas até quando?
Sinceramente, depois de tudo que já vivi, ou do que já sei sobre o sistema, alienar-me realmente não é uma opção. Não conseguiria simplificar as coisas e não enxergar todos os seus defeitos, mas não suporto mais manter as aparências e não tentar enxergar suas qualidades. Adaptação? Não sei, apenas uma inquietude de quem realmente não sabe mais o que fazer, o que sentir ou o que esperar de si mesmo e de uma sociedade.
Sempre acreditei na força do pensamento e das palavras e como podemos mudar tudo que quisermos com essas ferramentas. Sempre acreditei que a educação é o melhor caminho para alterar o fluxo dessa sociedade desigual e desumana. Sempre acreditei que a alienação, as ideologias, os dogmas religiosos são um problema gravíssimo, que nos torna praticamente fantoches nas mãos daqueles que sabem como manipular. Mas também, sempre acreditei em felicidade e não consigo vê-la separada de um conceito de paz muito forte. Paz essa, interior.
Cada dia mais, sinto em mim mesma e em todas as pessoas conscientes que conheço, uma melancolia e agonia crescentes e sempre presentes nos olhos. Parece que quanto mais pensamos nos problemas do mundo, maiores eles ficam e mais nos atormentamos por sermos capazes de muito pouco fazer perante esses mesmos problemas. Estamos sempre inquietos, pensativos, pesarosos e sofrendo por causas mundiais ou ideais de mundo melhor.
Cada vez mais somos distanciados do mundo em que vivemos, por sonharmos com um mundo diferente, igualitário, artístico, humano, onde a educação, a saúde, a política não seriam uma utopia. E o que aflige, de forma massacrante, é saber que é possível. Basta apenas que as pessoas simplesmente pensem. Mas todos os dias nos deparamos com menos discernimento e muito menos vontade dos seres humanos em querer pensar e se dar o trabalho de ficar como os pensadores, com dores de cabeça, aflitos, cabelos brancos, esquizofrenia ou genialidade esquecida.
Infelizmente, tudo isso me faz a cada dia repensar meus conceitos de criticidade para com o mundo e avaliar o que realmente está valendo a pena. São tantos conflitos com que me deparo e me sinto perdida em meio aos meus sonhos e ao que sinto ser o máximo que dá para concretizar. A impressão que dá, é que tudo que foi feito com arte, inspiração, alma, serve apenas para criar sentimentos turbulentos, contraditórios e tantas vezes tristes.
As músicas, os quadros, os livros, são densos. Jamais nos acalmamos. Eles nos incitam a sempre querer mais, pensar mais, problematizar mais para chegar a mais conclusões. E quanto mais pensamos e nos perguntamos, mais respostas podemos achar, pois é um ciclo sem fim e que nos mantém como ratos naquelas rodinhas das suas gaiolas. Eternamente rodando atrás de uma perfeição que nunca vamos alcançar, por nunca nos contentarmos.
Com isso, ando sinceramente considerando a alienação como uma forma das pessoas poderem se sentir, pelo menos pseudo-felizes. As músicas, os livros, os quadros, nesse sentido, não querem dizer nada. Eles apenas alegram, fazem dançar, chorar sem muitos problemas a serem pensados, passar pelo mundo considerando a rotina de suas vidas algo normal e tentando fazer com que ela seja o mais prazerosa possível.
Os jornais servem apenas para direcionar os assuntos nos botecos, esquinas, pontos de ônibus ou qualquer lugar onde se tenha tempo para pensar e falar sobre alguma coisa. Mas até mesmo esse pensar e falar serve apenas para relatar o que se leu, ou ouviu de alguém e funciona como passatempo. Nunca para raciocinar sobre ou para se chegar a uma conclusão que de fato melhore alguma coisa. E me pergunto, hoje em dia, se isso é tão ruim assim.
Vejo pessoas sorrindo ao consumir indústria cultural e não franzindo a testa para refletir sobre o que estão consumindo. Seus olhos não têm sempre uma nuvem escura de pensamentos obscuros. Elas não estão sempre vendo mensagens subliminares ou tentando encontrar uma lógica que as estão alienando, nem analisando as pessoas e vendo quais estão ou não no seu mesmo patamar de pensamento. Elas consomem ideologias e são satisfeitas por elas. Tem sonhos pequenos e facilmente realizáveis. Não são empreendedoras, nem tão promissoras quanto poderiam ser, mais são simples e isso gera menos complexidade. Elas são fantoches, mas ainda assim se divertem. E nós, pensadores frenéticos, sempre em busca da crítica, da melhora, da solução?
O que vejo são os nossos sonhos nos tirando o sono. Tantos já foram queimados, esquartejados, exilados, calados forçadamente. Tantos enlouqueceram. Tantos outros inventaram tantas coisas que talvez serviram apenas para querermos inventar mais e mais coisas. Somos melancólicos, tantas vezes ranzinzas, seletivos. Estamos sempre querendo a revolução porque não suportamos mais esse mundo. Mas até quando?
Sinceramente, depois de tudo que já vivi, ou do que já sei sobre o sistema, alienar-me realmente não é uma opção. Não conseguiria simplificar as coisas e não enxergar todos os seus defeitos, mas não suporto mais manter as aparências e não tentar enxergar suas qualidades. Adaptação? Não sei, apenas uma inquietude de quem realmente não sabe mais o que fazer, o que sentir ou o que esperar de si mesmo e de uma sociedade.
Alliny Araújo
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